Pirataria
Pirataria é crime, diz diretor do Grêmio
A conscientização das pessoas sobre o lado negativo desta prática é fundamental para chegarmos a uma sociedade mais ética, justa e fraterna, declara Beto Carvalho
A publicação de um post sobre a pirataria de sinal de TV paga no futebol brasileiro na página do Sou Legal do Facebook apresentou grande repercussão. A maioria dos torcedores se manifestou a favor da pirataria e não a relacionou com o principal protagonista do jogo: os próprios clubes.
O site Sou Legal, que foi criado com o propósito de informar, esclarecer e debater a questão da pirataria de sinais de TV paga, foi a campo para dar início a uma série de conversas com os principais clubes de futebol do Brasil. Começamos pelo Grêmio, bicampeão brasileiro e bicampeão da Libertadores e um dos maiores clubes brasileiros em número de associados. Acompanhe a seguir a conversa com Beto Carvalho, executivo de marketing do tricolor gaúcho, e sua visão sobre o tema.
SL: Qual é o futuro do futebol se a pirataria não for contida?
BC: A pirataria, audiovisual ou não, é crime e, como tal, precisa ser combatida. A sua perpetuação é nefasta não somente ao mercado do futebol, mas a todos os segmentos mercadológicos. Em relação aos eventos esportivos, em especial ao futebol, a prática recorrente da pirataria tira receitas importantes dos protagonistas desses eventos, sejam elas empresas promotoras ou clubes envolvidos, gerando perdas significativas nas estruturas de receitas destas organizações.
SL: Como o Grêmio é afetado pela pirataria audiovisual aqui no Brasil?
BC: Hoje uma das grandes fontes de receita recorrentes dos clubes está ancorada no broadcasting, ou seja, os direitos de transmissão de jogos. Na medida em que a pirataria ocorra, receitas que deveriam ser repassadas aos clubes por direitos contratuais, são suprimidas e, obviamente, menos recursos terão essas instituições para prover o seu público de bons espetáculos.
SL: Considerando as perdas que traz, se a pirataria não existisse o que melhoraria para os clubes e para o futebol brasileiro?
BC: A equação é simples: quanto menor a prática do exercício pirata de comercialização de produtos dos clubes, mais receita entrará nos cofres de cada agremiação e mais condições existirão para melhoria competitiva de suas equipes.
SL: O que o seu clube tem feito para tentar colaborar com o combate à pirataria?
BC: Temos uma sistematização de ações alinhada com empresas e escritórios de advocacia especializados nesse tipo de procedimento. É um trabalho árduo, cotidiano e que não pode ser esmorecido.
SL: Hoje a renda do PPV é significativa para o Grêmio? A arrecadação que vai diretamente para a pirataria afeta de que forma o time?
BC: Independente das vertentes entrantes no clube, todas cumprem um papel de fomento ao desenvolvimento esportivo, patrimonial e social da instituição, bem como suporte ao custeio operacional de toda a organização.
SL: Como o ídolo pode contribuir para ser o mensageiro contra o uso ilegal de direitos do seu clube?
BC: Um dos pilares estruturais de combate à pirataria é a conscientização das pessoas sobre o quão deletéria é esta prática para o contexto de uma sociedade mais ética, justa e fraterna. Se queremos um mundo melhor, faz-se fundamental valorizar as boas práticas e regras de convívio harmônico e solidário. Assim, todos devem dar o exemplo e valorizar estas boas práticas como forma de contribuir à conscientização. E certamente, nesse ambiente, a força da imagem de um ídolo surge como elemento importante e relevante a influenciar no combate à pirataria.
Antipirataria
ABTA reforça núcleo de combate à pirataria com a entrada da Watch e da Randy Labs
A Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) anunciou a integração da Watch e da Randy Labs ao seu Núcleo de Combate à Pirataria. A iniciativa visa fortalecer a identificação e denúncia de provedores e plataformas envolvidos na distribuição ilegal de conteúdo audiovisual no país, um mercado que, segundo estudos da própria associação, provoca perdas anuais superiores a R$ 15 bilhões.
Fonte: Tela Viva / Imagem: Canva
A Watch, um aplicativo de streaming para provedores de internet, contribuirá com sua experiência em inteligência digital e análise de dados para rastrear atividades ilícitas. “O avanço da pirataria representa uma ameaça real à sustentabilidade do ecossistema audiovisual, comprometendo investimentos, empregos e a segurança digital dos consumidores”, afirmou Maurício Almeida, fundador da Watch e líder do Conselho Antipirataria da Abotts. Ele complementa que “essa parceria com a ABTA reforça a importância da cooperação entre o setor privado e as entidades reguladoras para desmantelar redes ilegais de distribuição de conteúdo e fortalecer a confiança no mercado”.
A outra nova integrante é a empresa portuguesa Randy Labs, especializada em inteligência artificial aplicada à proteção de direitos digitais. A companhia desenvolveu a plataforma DRE – Digital Rights Enforcement, que detecta, valida e aciona medidas automáticas contra a pirataria em tempo real e é utilizada em mais de 20 países. “Hoje, conteúdos audiovisuais são copiados e retransmitidos online em questão de minutos. O desafio não é apenas detectar, mas reagir com precisão e velocidade. É isso que a nossa tecnologia faz”, explicou Carlos Martins, CEO da Randy Labs.
O problema da pirataria atinge uma parcela significativa da população conectada no Brasil, onde quatro em cada dez internautas consomem vídeos piratas. Para o presidente da ABTA, Oscar Simões, a união de forças é um passo fundamental. “Combater a pirataria é proteger o consumidor, o investimento e a inovação. Essa união entre ABTA, Watch e Randy Labs demonstra maturidade e comprometimento de todos os stakeholders do setor em enfrentar o problema de forma estruturada, com base em evidências e colaboração institucional”, destacou.
O Núcleo de Combate à Pirataria da ABTA atua em parceria com órgãos públicos como a Ancine, a Anatel, o Ministério da Justiça, o Ministério Público, o Procon e a Receita Federal.
A ABTA representa as principais empresas do setor de TV por assinatura no Brasil, com a missão de defender os interesses da indústria e liderar iniciativas contra a pirataria audiovisual. Lançada em 2018, a Watch funciona como um hub de conteúdo para provedores de internet, oferecendo acesso a produções de estúdios como Globo, MAX e ESPN para milhares de ISPs no país. A Randy Labs, por sua vez, é uma empresa portuguesa que fornece soluções de inteligência artificial para proteção de conteúdos digitais, atendendo emissoras, ligas esportivas e reguladores globalmente.
Antipirataria
Anatel e Ancine firmam acordo para combater pirataria de conteúdos audiovisuais
A Ancine determinará o bloqueio de sites e aplicativos que distribuam conteúdo clandestinamente; a Anatel, por sua vez, ficará responsável por assegurar que as prestadoras de telecomunicações impeçam o acesso dos clientes ao conteúdo pirata
Fonte: Ministério das Comunicações / Imagem: Ministério das Comunicações
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) assinaram, nesta quinta-feira (15/5), um novo Acordo de Cooperação Técnica com o objetivo de intensificar o combate à pirataria de filmes, séries, eventos esportivos e outros conteúdos audiovisuais no ambiente digital.
O acordo consolida a competência da Ancine na proteção de conteúdos audiovisuais, conforme previsto na Lei nº 14.815, de 15 de janeiro de 2024, e fortalece a atuação conjunta com a Anatel, responsável pela regulação dos serviços de telecomunicações, incluindo a banda larga e o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), que abrange a TV por assinatura.
A Ancine determinará, dentro de sua atribuição legal, o bloqueio de sites e aplicativos que distribuam conteúdo pirata. A Anatel, por sua vez, ficará responsável por coordenar os mais de 20 mil prestadores de serviços de banda larga para garantir que o bloqueio desse conteúdo clandestino seja efetivado de forma ampla, eficiente e célere.
Desde fevereiro de 2023, a Anatel já atua no combate à pirataria por meio do Plano de Combate ao Uso de Decodificadores Clandestinos do SeAC. A agência foca especialmente nos riscos associados aos chamados TV boxes ilegais, que, além de fornecerem acesso a conteúdo pirata, podem conter software malicioso, representar ameaça à privacidade dos usuários e funcionar como vetores para ataques cibernéticos.
O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, acredita que o acordo é um marco histórico para as duas agências e contribuirá para promover a justa concorrência e a justa remuneração de toda uma indústria que é extremamente importante e transformadora para o Brasil. “É fundamental que nós, enquanto agentes do Estado brasileiro, possamos combater o uso indevido e a distribuição indevida de obras protegidas por direitos autorais”, afirmou.
“O Acordo de Cooperação com a Ancine, além de viabilizar o combate à pirataria de conteúdo audiovisual, ampliará o alcance dos esforços da Anatel para remover os TV boxes dos lares de milhões de brasileiros que, de forma incauta, desconhecem o risco que esses aparelhos trazem para os usuários, para as redes de telecomunicações e para a infraestrutura cibernética do país e do mundo”, afirmou o conselheiro da Anatel, Alexandre Freire, responsável pelo tema no âmbito da Agência.
O diretor-presidente da Ancine, Alex Braga Muniz, disse que a pirataria de conteúdos prejudica a indústria audiovisual do Brasil ao afetar financeiramente os produtores, com impacto na geração de empregos e renda. “Recentemente, o filme Ainda Estou Aqui foi responsável por atrair aos cinemas um grande público, especialmente de pessoas mais jovens. Ao mesmo tempo, o filme vinha sendo distribuído clandestinamente por plataformas”, exemplificou.
A superintendente de Fiscalização da Anatel, Gesiléa Fonseca Teles, lembrou que a atuação da Agência, entre outubro de 2018 e maio de 2025, resultou na apreensão de 1,5 milhão de aparelhos receptores de conteúdo não homologados (TV boxes), avaliados em R$ 353,2 milhões. Desde a inauguração do Laboratório Antipirataria da Anatel, em setembro de 2023, foram bloqueados 24.700 IPs e 4.428 domínios na internet, usados para levar de forma irregular conteúdo às TV boxes não homologadas.O laboratório é resultado de uma parceria entre Anatel e Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA).
