Segurança
Ransomware: um dos muitos perigos digitais
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), um dos quatro tribunais superiores do Brasil, foi vítima, no último dia 3, de ataques de ransomware aos seus sistemas, de acordo com ampla cobertura dos veículos de comunicação. O ataque deixou toda a base de dados do tribunal criptografada e completamente inacessível para cidadãos e funcionários da Corte. Na sequência, os ataques atingiram os sistemas do Ministério da Saúde e da Secretaria de Economia do Governo do Distrito Federal.
Ransomware é um software malicioso para bloquear dados de computadores e servidores pelo uso de algum tipo de criptografia. Esse malware é usado por hackers para exigir resgates, normalmente cobrados em criptomoedas como o bitcoin, para que os dados sejam novamente liberados. Essa classe de malware pode ser instalada por meio de links enganosos em uma mensagem de e-mail, mensagens instantâneas ou sites.
Trata-se de uma das muitas modalidades do chamado crime cibernético, atividades criminosas que têm como alvo ou faz uso de um computador, uma rede de computadores ou um dispositivo conectado em rede. Tipos comuns de cibercrime de acordo com a Kaspersky, empresa produtora de softwares de segurança para internet, são fraude por e-mail e pela Internet; fraude de identidades, quando informações pessoais são roubadas e usadas; roubo de dados financeiros ou relacionados a pagamento de cartões; roubo e venda de dados corporativos; extorsão cibernética, que exige dinheiro para impedir o ataque ameaçado; ataques de ransomware; Cryptojacking, quando hackers exploram criptomoedas usando recursos que não possuem; espionagem cibernética, quando hackers acessam dados do governo ou de uma empresa.
Os EUA assinaram a Convenção sobre Cibercrime que considera inúmeros crimes maliciosos relacionados a computadores como crimes cibernéticos, entre eles, a interceptação ilegal ou roubo de dados, interferência em sistemas de modo a comprometer uma rede, violação de direitos autorais, jogos de azar ilegais, venda de itens ilegais on-line, incitação, produção ou posse de pornografia infantil, entre outros.
Como isso pode acontecer?
Especialistas informam que há várias falhas ou fragilidades que podem ser a porta de entrada de softwares maliciosos. Maquinas com sistemas desatualizados, por exemplo. Mas também a ausência de um bom antivírus ou antivírus sem atualização; ausência de um bom sistema de firewall; firewall das estações de trabalho desativado; má gestão de políticas de segurança da informação; cliques em links de “Phishing”, os ataques por e-mail contendo links falsos; sistemas de segurança “gratuitos” e ineficientes.
Outra porta de entrada para softwares maliciosos é o uso de caixas e dispositivos ilegais utilizados para pirataria de TV ou o acesso à aplicativos e sites piratas para esse fim. Tais dispositivos podem já vir com softwares maliciosos embarcados para futuros golpes.
Como se proteger contra o cibercrime
Para se prevenir contra ransomware e outros cibercrimes, especialistas orientam que os internautas tomem o máximo de cuidado ao navegar na internet. Também alertam sobre emails suspeitos e anexos maliciosos, especialmente em formato .exe, que são enviados por remetentes desconhecidos. É importante procurar evitar sites pouco conhecidos e banners, links e ofertas com benefícios muito especiais e duvidosos. Além disso, utilizar somente dispositivos homologados pela Anatel. Como regra, deve-se:
– Evitar navegar em sites não conhecidos, sites inseguros, ou clicar em links dentro deles;
– Tomar cuidado com os e-mails recebidos e não clicar em links recebidos por e-mail;
– Não abrir anexos recebidos por e-mail, se não estiver esperando por este arquivo, mesmo que o remetente seja conhecido;
– Nunca conectar pendrive desconhecido no seu computador. Golpes de invasão via Engenharia Social, começam desta maneira;
– Usar apenas dispositivos homologados pela Anatel e ficar atento a aplicativos piratas.
Imprensa
Por que esquema na Argentina fez gatonet cair para milhares de brasileiros
A Argentina teve papel central no esquema de gatonet ao abrigar o núcleo de marketing e vendas de uma rede internacional de pirataria que tinha o Brasil como principal destino. Gatonet é o nome popular para plataformas que transmitem canais e conteúdos de streaming de forma ilegal.
Fonte: Uol Imagem: Marcella Duarte
O que aconteceu
Operação na Argentina derrubou serviços de gatonet usados por milhares de brasileiros. A queda no serviço começou neste fim de semana e, embora não haja números oficiais de afetados, centenas de reclamações surgiram em redes sociais e fóruns
Investigação, que corre sob segredo de Justiça, identificou um centro de comando da pirataria em Buenos Aires. Esse escritório argentino era responsável pelo marketing e pelas vendas dos serviços ilegais para o mundo inteiro. Já a administração, finanças e área de TI do esquema ficavam na China.
Argentina foi escolhida como hub por alta capacidade técnica a preços não tão caros. Segundo Jorge Bacaloni, presidente da Alianza (associação da indústria audiovisual que combate a pirataria na América Latina), essas foram as razões para que local abrigue a operação. País concentrava marketing e vendas, enquanto a administração, finanças e TI ficam na China.
Apesar de o esquema operar globalmente, o principal mercado era o Brasil, com 4,6 milhões dos 6,2 milhões de assinantes. A estimativa é de que o grupo movimentasse entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões (R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão) por ano com venda de assinaturas clandestinas.
A ação desativou dezenas de plataformas piratas usadas em TV boxes não homologadas pela Anatel. O Ministério Público da Argentina agiu com apoio da Alianza, associação que representa a indústria audiovisual na América Latina. Entre os principais serviços atingidos estão:
Funcionavam como “Netflix piratas”: My Family Cinema e Eppi Cinema
Liberavam centenas de canais de TV pagos ilegalmente: TV Express;
Outros serviços afetados: Weiv TV, Cinefly, Red Play, Duna TV, Boto TV, Break TV, VTV, Blue TV, Super TV Premium, HOT, ONpix, PLUSTV, Mix, Venga TV, ALA TV, Pulse TV, Football Zone, Nossa TV, MegaTV+, Cineduo, Megamax+, GTV, Nebuplus e Onda TV.
Usuários de serviços como o My Family Cinema passaram a ver uma mensagem de encerramento: “Devido a questões de direitos autorais, esta marca deve encerrar permanentemente seus serviços. Agradecemos sinceramente pela sua confiança e apoio ao longo dos anos”. Reclamações também se multiplicaram no ReclameAqui, com relatos de clientes que pagaram planos anuais e ficaram sem acesso “de um dia para o outro”.
Como funciona o esquema de pirataria
TV boxes piratas usam versões modificadas do sistema Android e instalam apps ilegais que oferecem acesso a conteúdo de streaming e TV paga.
O pagamento é feito por planos mensais, semestrais ou anuais, o que leva muitos consumidores a acreditar que se trata de um serviço legal.
Por não serem homologados pela Anatel, esses aparelhos não passam pelos testes de segurança exigidos para comercialização.
Mesmo após bloqueios, as organizações costumam atualizar os servidores e restabelecer o acesso rapidamente, o que dificulta o combate ao “gatonet”.
Antipirataria
LALIGA se une à ABTA para reforçar a luta contra a fraude audiovisual no Brasil
A LALIGA – Liga de Futebol Profissional da Espanha – deu um novo passo em sua estratégia global contra a fraude audiovisual ao se unir ao Núcleo Antifraude da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura). Com essa parceria, a LALIGA reforça seu compromisso com a proteção dos direitos de transmissão em um mercado-chave como o Brasil, onde a pirataria representa uma das maiores ameaças para a indústria do entretenimento.
Fonte: Istoe / Imagem: Canva
Ao se integrar ao Núcleo Antifraude da ABTA, a LALIGA fortalecerá o ecossistema de combate à fraude audiovisual no País, trabalhando em conjunto com órgãos importantes como a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Entre as principais iniciativas em curso e que serão apoiadas estão:
- Bloqueio de conteúdos ilegais: Implementação de medidas para a desativação de domínios piratas e bloqueio dinâmico de endereços IP em tempo real.
- Operação 404: Apoio à iniciativa do governo brasileiro, que já resultou no bloqueio de milhares de plataformas ilegais, apreensão de equipamentos e detenção de pessoas envolvidas em pirataria digital.
- Colaboração tecnológica: Promoção de ferramentas avançadas para identificar e eliminar transmissões ilegais, reduzindo o impacto da fraude audiovisual.
“O combate à fraude audiovisual está no DNA da LALIGA. Há anos, desenvolvemos soluções inovadoras para a proteção de nossos conteúdos e colaboramos com organismos internacionais para erradicar a fraude AV. O Brasil é uma prioridade nessa luta, e essa parceria com a ABTA nos permitirá dar mais um passo na proteção dos direitos audiovisuais na região”, afirma Guillermo Rodríguez, Diretor de Operações Antifraude Digital e Audiovisual da LALIGA.
O Brasil é um território estratégico para a LALIGA, com um grande interesse pelo futebol espanhol e um forte vínculo cultural com seus clubes. No entanto, o acesso ilegal a conteúdos esportivos continua crescendo. De acordo com um estudo da Ampere, de 2023, 67% dos consumidores brasileiros admitem ter utilizado plataformas ilegais pelo menos uma vez por mês para assistir a esportes ao vivo. Esse fenômeno tem gerado perdas milionárias para a indústria audiovisual, afetando não apenas os detentores de direitos, mas também a economia do país, com um prejuízo estimado em R$ 51,7 bilhões nos últimos cinco anos.
Oscar Simões, presidente da ABTA, destaca a importância de somar a LALIGA a esse esforço: “O apoio de uma organização de alcance mundial como a LALIGA é uma importante contribuição à nossa missão de manter um ecossistema audiovisual seguro e sustentável. É também um reconhecimento aos avanços que tornaram o Brasil uma referência internacional no combate à pirataria audiovisual, graças à cooperação público-privada”.
A pirataria não apenas prejudica as empresas de conteúdo, mas também gera impactos negativos nos empregos, na arrecadação de impostos e no financiamento de atividades ilícitas. “Nesse contexto, a LALIGA continua apostando em uma estratégia global que combina inovação tecnológica, parcerias estratégicas e pressão regulatória para garantir a proteção de seu produto audiovisual em todos os mercados onde atua”, afirma Guillermo Rodriguez.
Estratégia da LALIGA no Brasil contra a fraude audiovisual
A LALIGA adotou uma estratégia integral no Brasil para combater a fraude audiovisual, combinando tecnologia, colaboração institucional e pressão regulatória. Por meio de acordos com entidades locais, a LALIGA busca expandir o uso de bloqueios dinâmicos em tempo real e aumentar a eficiência na desativação de sites ilegais, uma tática já implementada com sucesso na Europa. Além disso, a LALIGA atua junto às autoridades públicas para buscar convencer os intermediários tecnológicos a assumirem maior responsabilidade no combate à pirataria.
A organização também participa da Operação 404, fornecendo inteligência e dados-chave que permitem identificar redes ilegais de distribuição de conteúdo. Com uma visão de médio prazo, a LALIGA aposta em reforçar as capacidades do ecossistema antifraude brasileiro, assegurando um ambiente mais seguro e sustentável para a indústria audiovisual no país.
