Pirataria
Diretor da Globo fala sobre pirataria e produção audiovisual
A produção de uma obra audiovisual, como uma série de TV, pode demandar até 100 profissionais. Consumir uma versão pirata prejudica tanto a cadeia de produção quanto o telespectador desavisado.

A produção de uma obra audiovisual, como as várias séries de TV que estão disponíveis atualmente na plataforma de streaming Globoplay, pode demandar o trabalho de até 100 profissionais, em áreas diversas como figurino, caracterização, produção de arte, produção musical, fotografia, direção artística, produtores, tecnologia (câmera, áudio, edição, computação gráfica, etc). Da ideia inicial no papel, até o produto final na telinha, o processo de produção pode levar de 2 a 4 anos dependendo da complexidade de desenvolvimento da ideia e dos roteiros.
Consumir uma versão pirata de um conteúdo audiovisual como uma série de TV prejudica tanto os envolvidos na cadeia de produção como o telespectador desavisado. Quem explica isso é o Diretor de Relações Institucionais e Projetos Especiais da Globo, André Dias. Ele conversou com o Sou Legal sobre os impactos da pirataria em produções televisivas de alto investimento. Confira a visão de Dias sobre os prejuízos da pirataria e as medidas que podem ser tomadas contra ela.
Sou Legal – Algumas pessoas consideram o consumo de pirataria audiovisual algo aceitável. Mesmo aqueles que podem pagar por uma assinatura eventualmente aderem à pirataria. Por que esse tipo de visão? Existe uma cultura? Ou trata-se de desinformação?
André Dias – Existem várias situações relacionadas ao consumo de produtos provenientes de pirataria. Sem esgotar todas as possibilidades, eu cito a desinformação, a conveniência, a pseudo-esperteza ou a ilusória busca por produtos que aparentemente caibam nos próprios recursos financeiros – mas que poderão gerar grave prejuízo ao usuário. Muitas pessoas não se dão conta, mas, ao acessar o conteúdo de forma pirata e irregular, o usuário prejudica toda uma cadeia de produção, de direitos, de trabalhadores – geração e manutenção de empregos, de criação, de impostos, só para citar alguns exemplos. E, pior, quando a pessoa acessa conteúdo pirata, pode estar prejudicando a si própria, sua família, suas economias. Será que o usuário pode imaginar para onde aquele compartilhamento de senhas em sua conexão – feita em sua residência com uma caixa pirata ou com um aplicativo, poderá levar suas informações pessoais? Será que as suas informações pessoais, bancárias, de seus familiares estarão protegidas? Quem administra aquelas caixas do outro lado? Será que ele, o usuário, pode calcular o volume de programas maliciosos ali instalados? Será que aqueles programas não poderão causar grande e grave prejuízo, em sua TV, em seu computador, em seu telefone, em seus aplicativos, arquivos, etc? Será que o usuário pode imaginar a possibilidade de sua caixa pirata ser um banco de arquivos com conteúdo impróprio ou ilegal? Para o conhecimento, compreensão e alerta da população com relação ao crime de pirataria de obras audiovisuais: a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), juntamente com seus associados, está produzindo uma grande campanha, com o objetivo de alertar fortemente sobre a gravidade desse tipo de crime e todas as consequências que podem estar envolvidas ao se consumir um produto pirata. Também apostaremos na multiplicação do conhecimento. Desejamos que as pessoas conversem e comentem sobre todos os riscos do ato ilegal e os prejuízos que a pirataria acarreta. A pirataria é crime.
Sou Legal – Entidades como Ancine, Anatel e Polícia Federal têm atuado em algumas frentes contra a pirataria. Do lado das empresas programadoras e distribuidoras, o que é possível fazer para combater essa ilegalidade?
André Dias – Quando operadoras, produtoras, distribuidoras, emissoras e outros grupos impactados pela pirataria se unem, evidentemente o movimento para combate à pirataria ganha força, muita força. Afinal, cada um dos atores desse ecossistema poderá atuar conforme a sua expertise e com a mesma finalidade, gerando ainda impacto direto em todos os elos da cadeia. Uma força de contraponto vinda de cada um desses players e mostrando o quanto a pirataria é prejudicial.
Sou Legal – O mundo todo tem buscado soluções para o problema da pirataria, seja via legislação, seja via tecnologia. Qual deve ser a tendência para essa questão? É possível eliminar a pirataria audiovisual?
André Dias – A pirataria audiovisual é complexa e difícil de combater, mas é, sim, possível vencer essa batalha, especialmente com a união de esforços e a disseminação do conhecimento. Não podemos desacreditar do combate a um crime. A força de trabalho envolvendo todo o ecossistema é um ato necessário que contribuirá positivamente para a eficácia no combate e na eliminação da pirataria. Medidas para o combate estão sendo, a todo tempo, estruturadas, operacionalizadas e adotadas pelos órgãos públicos e entidades privadas, no Brasil e no mundo. Operação recente no Brasil teve conexões nos Estados Unidos e Reino Unido! A pirataria é prejudicial a todos. A pirataria precisa e será erradicada.
Antipirataria
Anatel e Ancine firmam acordo para combater pirataria de conteúdos audiovisuais

A Ancine determinará o bloqueio de sites e aplicativos que distribuam conteúdo clandestinamente; a Anatel, por sua vez, ficará responsável por assegurar que as prestadoras de telecomunicações impeçam o acesso dos clientes ao conteúdo pirata
Fonte: Ministério das Comunicações / Imagem: Ministério das Comunicações
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) assinaram, nesta quinta-feira (15/5), um novo Acordo de Cooperação Técnica com o objetivo de intensificar o combate à pirataria de filmes, séries, eventos esportivos e outros conteúdos audiovisuais no ambiente digital.
O acordo consolida a competência da Ancine na proteção de conteúdos audiovisuais, conforme previsto na Lei nº 14.815, de 15 de janeiro de 2024, e fortalece a atuação conjunta com a Anatel, responsável pela regulação dos serviços de telecomunicações, incluindo a banda larga e o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), que abrange a TV por assinatura.
A Ancine determinará, dentro de sua atribuição legal, o bloqueio de sites e aplicativos que distribuam conteúdo pirata. A Anatel, por sua vez, ficará responsável por coordenar os mais de 20 mil prestadores de serviços de banda larga para garantir que o bloqueio desse conteúdo clandestino seja efetivado de forma ampla, eficiente e célere.
Desde fevereiro de 2023, a Anatel já atua no combate à pirataria por meio do Plano de Combate ao Uso de Decodificadores Clandestinos do SeAC. A agência foca especialmente nos riscos associados aos chamados TV boxes ilegais, que, além de fornecerem acesso a conteúdo pirata, podem conter software malicioso, representar ameaça à privacidade dos usuários e funcionar como vetores para ataques cibernéticos.
O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, acredita que o acordo é um marco histórico para as duas agências e contribuirá para promover a justa concorrência e a justa remuneração de toda uma indústria que é extremamente importante e transformadora para o Brasil. “É fundamental que nós, enquanto agentes do Estado brasileiro, possamos combater o uso indevido e a distribuição indevida de obras protegidas por direitos autorais”, afirmou.
“O Acordo de Cooperação com a Ancine, além de viabilizar o combate à pirataria de conteúdo audiovisual, ampliará o alcance dos esforços da Anatel para remover os TV boxes dos lares de milhões de brasileiros que, de forma incauta, desconhecem o risco que esses aparelhos trazem para os usuários, para as redes de telecomunicações e para a infraestrutura cibernética do país e do mundo”, afirmou o conselheiro da Anatel, Alexandre Freire, responsável pelo tema no âmbito da Agência.
O diretor-presidente da Ancine, Alex Braga Muniz, disse que a pirataria de conteúdos prejudica a indústria audiovisual do Brasil ao afetar financeiramente os produtores, com impacto na geração de empregos e renda. “Recentemente, o filme Ainda Estou Aqui foi responsável por atrair aos cinemas um grande público, especialmente de pessoas mais jovens. Ao mesmo tempo, o filme vinha sendo distribuído clandestinamente por plataformas”, exemplificou.
A superintendente de Fiscalização da Anatel, Gesiléa Fonseca Teles, lembrou que a atuação da Agência, entre outubro de 2018 e maio de 2025, resultou na apreensão de 1,5 milhão de aparelhos receptores de conteúdo não homologados (TV boxes), avaliados em R$ 353,2 milhões. Desde a inauguração do Laboratório Antipirataria da Anatel, em setembro de 2023, foram bloqueados 24.700 IPs e 4.428 domínios na internet, usados para levar de forma irregular conteúdo às TV boxes não homologadas.O laboratório é resultado de uma parceria entre Anatel e Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA).
Antipirataria
LALIGA se une à ABTA para reforçar a luta contra a fraude audiovisual no Brasil

A LALIGA – Liga de Futebol Profissional da Espanha – deu um novo passo em sua estratégia global contra a fraude audiovisual ao se unir ao Núcleo Antifraude da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura). Com essa parceria, a LALIGA reforça seu compromisso com a proteção dos direitos de transmissão em um mercado-chave como o Brasil, onde a pirataria representa uma das maiores ameaças para a indústria do entretenimento.
Fonte: Istoe / Imagem: Canva
Ao se integrar ao Núcleo Antifraude da ABTA, a LALIGA fortalecerá o ecossistema de combate à fraude audiovisual no País, trabalhando em conjunto com órgãos importantes como a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Entre as principais iniciativas em curso e que serão apoiadas estão:
- Bloqueio de conteúdos ilegais: Implementação de medidas para a desativação de domínios piratas e bloqueio dinâmico de endereços IP em tempo real.
- Operação 404: Apoio à iniciativa do governo brasileiro, que já resultou no bloqueio de milhares de plataformas ilegais, apreensão de equipamentos e detenção de pessoas envolvidas em pirataria digital.
- Colaboração tecnológica: Promoção de ferramentas avançadas para identificar e eliminar transmissões ilegais, reduzindo o impacto da fraude audiovisual.
“O combate à fraude audiovisual está no DNA da LALIGA. Há anos, desenvolvemos soluções inovadoras para a proteção de nossos conteúdos e colaboramos com organismos internacionais para erradicar a fraude AV. O Brasil é uma prioridade nessa luta, e essa parceria com a ABTA nos permitirá dar mais um passo na proteção dos direitos audiovisuais na região”, afirma Guillermo Rodríguez, Diretor de Operações Antifraude Digital e Audiovisual da LALIGA.
O Brasil é um território estratégico para a LALIGA, com um grande interesse pelo futebol espanhol e um forte vínculo cultural com seus clubes. No entanto, o acesso ilegal a conteúdos esportivos continua crescendo. De acordo com um estudo da Ampere, de 2023, 67% dos consumidores brasileiros admitem ter utilizado plataformas ilegais pelo menos uma vez por mês para assistir a esportes ao vivo. Esse fenômeno tem gerado perdas milionárias para a indústria audiovisual, afetando não apenas os detentores de direitos, mas também a economia do país, com um prejuízo estimado em R$ 51,7 bilhões nos últimos cinco anos.
Oscar Simões, presidente da ABTA, destaca a importância de somar a LALIGA a esse esforço: “O apoio de uma organização de alcance mundial como a LALIGA é uma importante contribuição à nossa missão de manter um ecossistema audiovisual seguro e sustentável. É também um reconhecimento aos avanços que tornaram o Brasil uma referência internacional no combate à pirataria audiovisual, graças à cooperação público-privada”.
A pirataria não apenas prejudica as empresas de conteúdo, mas também gera impactos negativos nos empregos, na arrecadação de impostos e no financiamento de atividades ilícitas. “Nesse contexto, a LALIGA continua apostando em uma estratégia global que combina inovação tecnológica, parcerias estratégicas e pressão regulatória para garantir a proteção de seu produto audiovisual em todos os mercados onde atua”, afirma Guillermo Rodriguez.
Estratégia da LALIGA no Brasil contra a fraude audiovisual
A LALIGA adotou uma estratégia integral no Brasil para combater a fraude audiovisual, combinando tecnologia, colaboração institucional e pressão regulatória. Por meio de acordos com entidades locais, a LALIGA busca expandir o uso de bloqueios dinâmicos em tempo real e aumentar a eficiência na desativação de sites ilegais, uma tática já implementada com sucesso na Europa. Além disso, a LALIGA atua junto às autoridades públicas para buscar convencer os intermediários tecnológicos a assumirem maior responsabilidade no combate à pirataria.
A organização também participa da Operação 404, fornecendo inteligência e dados-chave que permitem identificar redes ilegais de distribuição de conteúdo. Com uma visão de médio prazo, a LALIGA aposta em reforçar as capacidades do ecossistema antifraude brasileiro, assegurando um ambiente mais seguro e sustentável para a indústria audiovisual no país.
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